"(...) cabe salientar que o osteopata é capaz de melhorar a função visceral através das intervenções citadas. De maneira alguma substitui a função e avaliação de um médico, principalmente, quando uma patologia já se encontra instalada. Um bom profissional sabe diferenciar quando sua atuação se faz necessária e quando é imperativo que se encaminhe para o profissional adequado. É através de um atendimento multidisciplinar que se consegue a cura do paciente."
Na postagem anterior, mencionei que o tratamento osteopático se baseava em 3 vertentes (estrutural, visceral e craniana) mas que elas não podem nem devem ser desmembradas já que esta tríade compõe toda a abordagem osteopática quando se trata um paciente. Por essa razão, a osteopatia é considerada uma terapia holística já que através dessa visão, consegue-se visualizar o paciente como um todo e não como um mero sintoma. Portanto, desconfie quando um osteopata afirmar que só faz osteopatia estrutural fazendo questão de apenas estralar sua coluna.
Na postagem anterior, mencionei que o tratamento osteopático se baseava em 3 vertentes (estrutural, visceral e craniana) mas que elas não podem nem devem ser desmembradas já que esta tríade compõe toda a abordagem osteopática quando se trata um paciente. Por essa razão, a osteopatia é considerada uma terapia holística já que através dessa visão, consegue-se visualizar o paciente como um todo e não como um mero sintoma. Portanto, desconfie quando um osteopata afirmar que só faz osteopatia estrutural fazendo questão de apenas estralar sua coluna.
Feita esta
introdução, escolhi um assunto para o artigo de hoje que nem sempre é conhecido
por parte dos pacientes: a abordagem visceral da osteopatia. Seria possível
tratar um quadro de gastrite, doença do refluxo gastro-esofágico ou síndrome do
intestino irritável com a osteopatia? Na minha experiência e na de colegas, a
resposta é sim. Mas para não ficar algo vago e soar apenas como propaganda,
separei 3 artigos que atestam a minha afirmação e que serão apresentados na
próxima postagem - o que ocorrerá nos próximos dias.
Antes de apresentar
estes artigos, é importante destacar um dos principais componentes da função
visceral: o sistema nervoso autônomo (SNA), responsável pelo controle de
atividades das quais não somos capazes de controlar conscientemente. Portanto,
quando nos assustamos e nosso coração dispara é o SNA que se ativa fazendo com
que haja o aumento de nossa frequência cardíaca.
O SNA é dividido em
simpático e parassimpático, sendo o primeiro associado a atividades que nos faz
gastar energia, citando novamente o exemplo acima, assim como o aumento da
pressão arterial e de nossa respiração. Está associado com o sistema de luta ou
fuga. Quando nos encontramos em uma situação de perigo, o sistema simpático
entra em ação nos preparando para entrar em combate ou fugir de algo
potencialmente perigoso. Isso é bem comum acontecer em situações nas quais um
animal caça um outro ou até quando nos deparamos com um animal perigoso. Já o
sistema parassimpático é responsável pelo repouso e acúmulo de energia,
portanto, este atua em nosso processo de digestão até a evacuação aumentando o
peristaltismo dos órgãos e estimulando a secreção de substâncias que atuam na
digestão como o suco gástrico e a bile. Em grande parte de nossas funções
fisiológicas, o simpático e o parassimpático atuam em oposição ao outro.
Distribuição da inervação simpática de nossos órgãos. |
Distribuição da inervação parassimpática de nossos órgãos. |
Acontece que os
nervos responsáveis por controlar essa ação inconsciente passam por estruturas
nas quais um osteopata consegue atuar: as vértebras. Ao lado da coluna
cervical, passando pela torácica e chegando na lombar passa uma estrutura
chamada cadeia látero-vertebral onde estão localizados os gânglios simpáticos.
Em cada nível da coluna, um conjunto destes gânglios é responsável pelo
controle de vários órgãos. Por exemplo, e de forma bem resumida, dos segmentos
T5 a T9 (quinta a nona porção da coluna torácica) saem o nervo esplâncnico
torácico maior que é responsável pela inervação simpática de estômago, fígado,
pâncreas e porção inicial de duodeno. É natural pensar que uma disfunção de
algumas destas vértebras possa favorecer uma disfunção visceral já que a
condução nervosa simpática estará prejudicada pela falta de mobilidade
vertebral.
Esquema da inervação do estômago. |
Já, em relação à
inervação parassimpática, grande parte de nossos órgãos é suprida pelo nervo
vago (o X par de nervo craniano) cujo trajeto de forma resumida se dá através
da passagem pelo forame jugular (localizado na base de nosso crânio), bainha
carotídea (região de pescoço), acessando o tórax pela entrada torácica. O nervo
vago inerva todos os órgãos torácicos e abdominais com exceção da porção final
de intestino grosso, bexiga, útero e genitais cuja inervação se dá pelos nervos
esplâncnicos pélvicos localizados na porção sacral da coluna.
Existem ainda, o
controle da salivação e de secreções lacrimais e nasais além do tamanho de
nossas pupilas que é realizado por outros pares de nervos cranianos (controle
parassimpático): III – nervo óculo-motor; VII – nervo facial e; IX – nervo
glossofaríngeo; e pelo gânglio cervical superior e os 3 primeiros segmentos
torácicos (controle simpático).
Esquema de inervação da pupila. |
Disfunções no
crânio, nas primeiras vértebras cervicais ou do sacro prejudicam a inervação
parassimpática de nossos órgãos.
Quando qualquer de
uma dessas inervações encontra-se prejudicada, pode ocorrer uma disfunção
visceral gerando sintomas desagradáveis ao paciente, seja uma dor de estômago
pelo excesso de suco gástrico ou má digestão e ânsia de vômito pela diminuição
do tônus parassimpático ou até arritmias e falta de ar.
A partir do momento
que se corrigem essas disfunções devolvendo à normalidade a inervação autônoma
do órgão em sofrimento, é possível realizar técnicas específicas viscerais.
Porém, deve-se destacar que o diafragma exerce papel importante na função
visceral. Como já destacado no post sobre o diafragma, este músculo também tem influência
em nosso controle postural sendo, então, um ponto-chave para os tratamentos
osteopáticos. Para não me estender muito nesta postagem, fica aqui a promessa
de aprofundar mais em um artigo futuro sobre a influência do diafragma em
nossos órgãos.
Relação do diafragma do coração. Em destaque na seta azul, o ligamento frênico-pericárdico que liga o diafragma ao pericárdio fibroso. |
Nas técnicas
viscerais, o osteopata é capaz de atuar direta ou indiretamente no órgão
realizando técnicas oscilatórias, vibratórias, de pressão e/ou de
descompressão, melhorando a sua circulação ou seu posicionamento através da
intervenção sobre um tecido chamado fáscia. Este tecido localizado em todo
nosso corpo é responsável por envolver e separar nossos ossos, músculos e
vísceras. Tem também uma função protetora: por exemplo, o omento maior uma
dobra do peritônio que recobre todo o nosso intestino tem "a capacidade de
bloquear processos inflamatórios intra-abdominais, devido a riqueza de suas
células mesoteliais, de sua mobilidade e de sua propriedade absortiva"
(Greca et al., 1998).
Por último, cabe
salientar que o osteopata é capaz de melhorar a função visceral através das
intervenções citadas. De maneira alguma substitui a função e avaliação de um
médico, principalmente, quando uma patologia já se encontra instalada. Um bom
profissional sabe diferenciar quando sua atuação se faz necessária e quando é
imperativo que se encaminhe para o profissional adequado. É através de um
atendimento multidisciplinar que se consegue a cura do paciente.
Continuem ligados no blog e comentem! Fiquem à vontade para criticar ou elogiar e sugerir temas para o blog.
Rodolfo adorei o artigo. Por isso que melhorei bem meu refluxo. Inclusive minha ATM. tem melhorado bastante. Continua sendo esse profissional sério e competente.
ResponderExcluirObrigado pela msg! Beijos!
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